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Lux Ad Lucem

Blogue de opinião e divulgação.

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30.Nov.07

A Origem do Petróleo

A teoria prevalecente entre os cientistas ocidentais diz que o petróleo deriva dos restos de células outrora vivas que foram enterrados e transformados por processos químicos.

Argumentar, como faço, que hidrocarbonetos complexos eram constituintes primordiais de resíduos do Sistema Solar a partir dos quais os planetas se formaram, e que mesmo hoje estes hidrocarbonetos se mantêm num estado não oxidado no interior da crosta e do manto superior da Terra, é pois uma visão radicalmente contrária da formação do petróleo.

Mas o problema mantém-se: Se hidrocarbonetos complexos descobertos no interior da crosta da Terra não são os restos reprocessados de vida superficial, então por que é que o petróleo contém a assinatura da vida?

E o Pico Petrolífero

A teoria da origem abiótica do petróleo é extremamente atraente.

 

Contudo, a aceitação da teoria abiótica não implica que não se verifique um Pico Petrolífero.

 

Com efeito, de acordo com esta teoria, a migração de hidrocarbonetos de camadas profundas da Terra é lenta.

 

Assim, a possível renovação (replenishment) dos campos de petróleo já existentes seria sempre a uma taxa muito inferior à da produção (ou, mais precisamente, da extracção).

 

O mesmo se pode dizer em relação à futura possível descoberta de novos campos, em sítios até agora não considerados pelos geólogos convencionais. Mesmo admitindo a hipótese da existência de campos gigantes ainda desconhecidos, decorreriam décadas até as suas eventuais descobertas, dimensionamentos, desenvolvimentos e colocações em produção.

 

Este lapso de tempo nada tem a ver com a presente aflição mundial por petróleo, agora que a produção do petróleo convencional já equaliza o consumo (84 milhões barris/dia) e praticamente já não existe capacidade de reserva.

 

A aflição que agora se inicia está para perdurar, aceite-se ou não a origem não-fóssil do petróleo.

 

De um ponto de vista antropocêntrico a escassez é uma realidade que não se compadece com teorias, por mais cientificamente estimulantes que sejam.

 

Do ponto de vista geofísico, a Curva de Hubbert é traçada considerando volumes de produção/já produzido e reservas provadas, prováveis e possíveis (mas com possibilidade quantificada) à luz dos conhecimentos existentes. Assim, a teoria abiótica não desmente o Pico de Hubbert — na melhor das hipóteses poderia atrasá-lo.


Jorge Figueiredo (Licenciado em Ciências Económicas em São Paulo (PUC))

24.Nov.07

Homenagem

A professores e funcionários da Escola que se aposentaram, entre os quais a Dr.ª Margarida Vale do Grupo de Economia!

   

Ser professor é ser artista, malabarista,

pintor, escultor, doutor,

musicólogo, psicólogo...

É ser mãe, pai irmã e avó,

é ser palhaço, estilhaço,

É ser ciência, paciência...

É ser informação,

é ser acção.

É ser bússola, é ser farol.

É ser luz, é ser sol.

Incompreendido?... Muito.

Defendido? Nunca.

O seu filho passou?...

Claro, é um génio.

Não passou?

O Professor não ensinou.

 

Ser Professor...

É um vício ou vocação?

É outra coisa...

É ter nas mãos o mundo de

Amanhã

 
 

Amanhã

os alunos vão-se...

e ele, o mestre, de mãos vazias,

fica com o coração partido.

Recebe novas turmas,

novos olhinhos ávidos de cultura

e ele, o Professor,

vai despejando

com toda a ternura,

o saber, a Orientação

nas cabecinhas novas que

amanhã

luzirão no firmamento da

Pátria.

Fica a saudade...

a Amizade.

O pagamento real?

Só na eternidade.

18.Nov.07

50 anos da União Europeia

O Dr. Miguel Portas, deputado ao Parlamento Europeu pelo Bloco de Esquerda, animou um colóquio sobre os 50 anos da União Europeia, na Escola Secundária Dr. Manuel Laranjeira de Espinho, na sexta-feira, dia 16 de Novembro, a convite dos professores de Economia e Contabilidade da Escola,  que foi assistido por alunos e respectivos professores da área das ciências sociais e tecnológicas, dos cursos profissionais e dos cursos de educação e formação

 

Questionado a pronunciar-se sobre a integração portuguesa na UE, sobre os ganhos e perdas de Portugal no processo de integração, sobre a possibilidade remota de Portugal sair da UE e sobre o novo tratado reformador e a necessidade de se realizar um referendo para a sua ratificação, Miguel Portas abordou as questões propostas de uma forma frontal, sem se esquivar às perguntas e deixando sobre cada uma, a sua posição clara e inequívoca. Ao mesmo tempo conseguiu manter o anfiteatro da Escola Secundária dr. Manuel Laranjeira, que estava completamente cheio, atento às suas palavras e entusiasmado com a sua performance retórica. Foram duas horas, durante as quais, cento e cinquenta  alunos estiveram a ouvir e a questionar de forma atenta e pertinente o eurodeputado do Bloco de Esquerda.

 

Miguel Portas começou a sua intervenção afirmando que há diferentes maneiras de ver a UE e que eleitos e eleitores têm diferentes perspectivas de entender a Europa  e tanto assim é, que em França 95% dos políticos eleitos era favorável à nova constituição europeia, contudo, em sede de refendo os eleitores rejeitaram-na de forma clara.

 

Referiu que a Europa faz parte do 1º mundo, do mundo rico e desenvolvido, mas o mundo não começa nem acaba na europa. No mundo há outras realidades e realidades mais duras onde os nossos problemas de europeus só os podem fazer sorrir. Deu exemplo dos campos de refugiados de guerra e das situações de miséria e fome na Etiópia e noutras partes de África e do Médio Oriente.

 

Lembrou que a Europa tem obrigações com o resto do mundo, não pode nem deve olhar apenas para o seu  próprio umbigo e essas obrigações passam pela partilha, pela solidariedade e pela ajuda.

 

Recordou-nos que a UE, à época CEE, surgiu para garantir o fim das guerras na Europa e como tal, só por isso, já justifica a sua existência. Para lá do fim da guerra, o mercado foi o grande objectivo da UE. O factor económico marca presença na UE desde a sua fundação.

 

Portugal aderiu à UE em 1986 e os Fundos Estruturais  que recebemos cerca de 5 a 6 milhões de euros por dia, foram o preço que recebemos durante a década de 80 para abrirmos as portas do nosso mercado às empresas dos países mais ricos da Europa. Parte deste dinheiro, afirmou, não sejamos demagogos foi bem empregue em infraestruturas que eram necessárias, nomeadamente, auto-estradas e grandes obras públicas, contudo, não soubemos investir também em força na formação e na educação como fez a Irlanda do Sul, que por não ter território para construir auto-estradas, aproveitou os fundos estruturais para investir nas auto-estradas do conhecimento e da massa cinzenta. Dessa forma  este pequeno país desenvolveu-se e deu o salto em frente.

 

Para Miguel Portas, não faz sentido que a democracia continue a funcionar como sempre funcionou, onde os governantes continuam sempre a decidir em nome do povo e este apenas seja chamado a decidir aquando dos actos eleitorais. É preciso dar mais poder ao povo, chamando-o mais vezes a pronunciar-se sobre aquilo que lhe diz respeito, porque nem sempre o povo pensa conforme pensam os eleitos que recebem os votos do povo. Na sequência deste raciocínio, Miguel Portas reiterou a sua convicção de que o Novo Tratado Reformador da UE deve ser ratificado em sede de referendo popular. Não que seja ilegítima a sua ratificação parlamentar, dado que os parlamentares foram eleitos pelos eleitores, mas porque a ratificação popular dá maior legitimidade ao Novo Tratado e porque para  além disso, em Portugal a promessa de referendo ao Novo Tratado Europeu foi uma promessa  de todos os partidos políticos, da esquerda à direita, promessa essa, que não faz agora qualquer sentido ser quebrada.

 

Sobre a hipotética probabilidade de Portugal sair da UE, Miguel Portas mostrou-se contra, afirmando que Portugal deve continuar na Europa, mas deve fazê-lo de uma forma crítica, lutando contra a precaridade de emprego e contra os contratos a prazo sem regalias e sem esperança para as pessoas que desta forma, principalmente os jovens são obrigados a viver em casa dos pais até aos trinta e muitos anos sem grandes perspectivas de futuro. Só faz sentido estar na política, referiu, a lutar por aqueles que nada têm. Estar na política a lutar por lugares e por poder é segundo a sua perspectiva uma opção de ainda  muitos políticos,  mas não, a sua opção de vida.

 

Após esta intervenção inicial, seguiu-se um espaço destinado à s questões do auditório, que foram bastante diversificadas. Os alunos da Escola Secundária dr. Manuel Laranjeira questionaram o convidado sobre a existência ou não de oposição no Parlamento Europeu; sobre as funções dos eurodeputados; sobre a política de ensino; sobre o seu posicionamento acerca de uma constituição europeia; sobre a política  da Europa para o sector da comunicação; sobre a emigração; sobre as diferenças entre o comunismo utópico e a ideologia do Bloco de Esquerda e ainda sobre a sua opinião a respeito da legalização de drogas. A todas as questões colocadas, Miguel Portas deu resposta, não apenas uma simples resposta, de sim ou não, mas uma resposta que levou os interlocutores a pensar e a reflectir nas problemáticas abordadas. Findo o Seminário quer os alunos, quer o orador mostraram satisfação pelo diálogo mantido e interesse mútuo suscitado.

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