Estudo alerta países emergentes
Brasil, China, Índia e Rússia vão emitir mais gás carbónico por ano do que todos os trinta países ricos juntos até 2030. Os dados são da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) que publicou na semana passada um amplo estudo de 500 páginas sobre a questão. A conclusão do levantamento é de que não custará muito à humanidade evitar problemas ambientais. Mas países emergentes precisarão mudar o padrão de seu crescimento para evitar os mesmos erros das economias ricas. “As soluções são viáveis, especialmente comparando com os custos dos problemas”, afirmou Angel Gurria, secretário-geral da OCDE. Se nada for feito, as emissões de gases de efeito estufa aumentarão em 37% até 2030 e em 52% até 2050. De acordo com o estudo, não há dúvidas de que nos últimos anos os países ricos emitiram um volume superior de gases do que os emergentes. “Mas o rápido crescimento econômico das nações emergentes significa que em 2030 os quatro países (Brasil, Índia, Rússia e China) vão emitir mais do que os 30 países da OCDE juntos”, disse o documento. Segundo o estudo, o consumo de energia nessas economias emergentes irá aumentar até 72% nos próximos 25 anos, contra uma alta de apenas 29% nos países ricos. Se os padrões de crescimento econômico forem mantidos, as emissões dos países emergentes aumentarão em 46% até 2030, o que fará com que o volume total por ano seja superior ao das tradicionais economias campeãs em poluição, como Estados Unidos, Europa e Japão. A OCDE alerta que se limites foram impostos às emissões dos emergentes equivalentes aos dos países ricos, o mundo pode chegar em 2050 com as mesmas taxas de CO2 registradas em 2000. O estudo da OCDE confirma a tese dos países ricos de que os emergentes não podem continuar poluindo sem que entrem em acordos para também limitar suas emissões. O Brasil, por exemplo, rejeita a imposição de limites de emissão de CO2, argumentando que o planeta se encontra no atual estado por causa da poluição acumulada nas últimas décadas pelo desenvolvimento dos países ricos. Para o Itamaraty, seria injusto agora querer cobrar dos emergentes a conta pelas emissões das últimas décadas, exatamente no momento que as economias do Brasil, Índia, China e Rússia começam a crescer de forma acelerada. Mas para a OCDE, o custo de um ajuste na economia mundial para lidar com os problemas ambientais não é alto. O cálculo é de que, ao lugar de crescer 99% nos próximos 25 anos, o PIB mundial sofrerá uma alta de 97% se as políticas ambientais forem colocadas em prática. O resultado seria uma redução em um terço da poluição do ar e redução das emissões de CO2 em 12% até 2030. A questão, segundo a OCDE, é como essa conta será dividida. Para o órgão, a responsabilidade deve ser de todos, mas uns terão de pagar mais que outros. “Uma divisão justa (da conta) será importante”, afirmou Gurria. Segundo ele, esse entendimento sobre quanto cada um pagará será tão importante quanto a escolha das tecnologias futuras ou a política adotada. “Temos que lidar com a questão de quem pagará pelos ajustes”,admitiu. Outro importante desafio será o de encontrar terras suficientes para alimentar as populações e abastecer usinas de etanol. As estimativas são de que o mundo precisará ampliar suas terras aráveis em 10% até 2030, um desafios para regiões como Europa e Ásia. Em 25 anos, 3,9 bilhões de pessoas estarão vivendo em locais com pouca água e as mortes prematuras por causa de doenças gerada pelo buraco na camada de ozônio irão quadruplicar se nada for feito.” Publicado na Tribuna do Norte em 08/03/2008. |