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Lux Ad Lucem

Blogue de opinião e divulgação.

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01.Fev.09

Desabafo de Alma

 

Reflexão sobre o processo de ADD numa escola completamente moldada por este governo
 

Muito se tem dito e escrito sobre o modelo de Avaliação de Desempenho de Docentes imposto por este Ministério de Educação. Temos que referir que alguns Conselhos Executivos foram bem moldados por este governo e tudo estão a fazer para o concretizar. Não sabemos é qual vai ser o seu custo.

 

Estamos em Fevereiro e pelo menos na escola onde trabalho já há muita matéria para reflectirmos sobre o desenvolvimento deste processo.

 

Antes de continuar esta reflexão devo referir que sou professora titular numa escola deste país e que não entreguei os objectivos individuais tal como o processo o previa.

 

Como todos compreenderão não vou identificar a escola mas acredito que aquilo que se está a passar nesta não será caso único.

 

A reflexão que fiz até ao momento deixou – me sem resposta a muitas questões e se já pouco acreditava neste modelo, passei a descredibiliza-lo totalmente.

 

Senão vejamos:

 

O Regulamento Interno foi alterado, tal como o prevê o Decreto – lei 2/2008 para dele constar a avaliação dos Coordenadores de Departamento por parte dos elementos do Departamento e a participação dos Encarregados de Educação. De referir que para os Coordenadores de Departamento esta avaliação só pode ser feita no âmbito do trabalho de Coordenação e apenas tem um peso de 10%. O mais espantoso é que foi aprovado pelo Conselho Provisório da dita escola que esta avaliação só é feita se tiver a concordância dos Coordenadores de Departamento. Como é que as Instituições podem crescer e melhorar no trabalho que têm de desenvolver se nem todos podem colaborar nesse trabalho e contribuir com as suas ideias para o seu melhoramento. De que é que os Coordenadores de Departamento têm medo? Ou será que já previam que avaliações iam receber dos seus colegas?

 

Mas há mais:

 

O prazo de entrega dos objectivos individuais foi fixado, pelo Conselho Executivo até ao dia 12 de Janeiro.

 

É evidente que todo o trabalho já estava feito quando o Despacho que dava poderes ao Conselho Executivo para fixar o prazo saiu.

 

Quero acreditar que tudo foi feito porque a competência do Conselho Executivo é de realçar. Não quero nem sequer pensar, como o referiu uma fonte anónima, que tudo foi feito quando uma Vice – Presidente esteve doente e a Comissão de Avaliação se deslocava à sua residência para continuar e concluir o trabalho. Se é verdade qual o interesse de todo esta pressa?

 

Não temos muitas dúvidas que antes do Despacho sair já os Conselhos Executivos sabiam qual ia ser o seu trabalho. Devemos referir que o dito Despacho saiu a seis ou a sete de Janeiro e o prazo de entrega dos objectivos individuais foi fixado até ao dia 12.

 

Se todo este processo me levantou e levanta tantas dúvidas e me levou a manifestar publicamente na sala de professores e nos corredores da escola ainda fiquei mais perplexa quando passado quatro dias de terminar o prazo, a Presidente da escola chamou todos os professores que não tinham entregue os objectivos individuais para os entregar se ainda o desejassem.

 

Tenho de perguntar que escola é esta, em que país está, o que é que ensinamos aos nossos jovens, que exemplos passam aos alunos e o que é isto de cidadania.

 

Devo referir que eu mantive a minha posição mas colegas houve que deram um passo atrás e entregaram.

 

Porque terá sido que esses colegas o fizeram?

 

Eu não sei responder e não estou preocupada por nesta escola só cerca de uma dezena de professores terem verticalidade e tal como se comprometeram por escrito manterem a sua posição de não entregar os seus objectivos individuais.

 

Justificam os colegas que entregaram os objectivos:

 

O processo está simplificado;

 

Não sabemos o que é que nos pode acontecer no futuro;

 

Copiamos por Fulano e fizemos as adaptações.

 

Sem dúvida tiveram medo.

 

Perguntei a vários se tinham pedido a verificação das aulas e todos me responderam que não ou praticamente todos. De facto, uma colega do meu Departamento que é constituído por cerca de sessenta professores, foi a única que solicitou a verificação das aulas. Mas, espantosamente para mim, depois do dia 12 foi retirar o pedido de aulas assistidas. O que terá feito mudar a posição da colega? Não quero acreditar que ela teve medo da Coordenadora de Departamento?

 

Continuei a reflectir sobre tudo isto e interroguei – me: então estes não querem aulas assistidas? A tarefa fundamental de um professor que é a pedagógica não é avaliada? O que vão dizer estes senhores do Ministério da Educação e até os próximos que ainda não se sabem quem são? 

 

Quem deve estar a esfregar as mãos de contentes são as Coordenadoras de Departamento porque vão ser praticamente as únicas que vão ter Muito Bom ou Excelente. É que estes senhores só vão ser avaliados pelo Conselho Executivo e não irão ter aulas assistidas. Aqui vão ser aplicadas as quotas, mas os professores que não pediram a verificação das aulas só vão ter Bom. Mais uma vez vamos ter professores de primeira e professores de segunda. Os Coordenadores serão então modelos de perfeição pois não precisam que ninguém avalie as suas aulas nem qualquer trabalho por eles desenvolvido. O seu trabalho de coordenação só é avaliado se os Srs. Drs estiverem de acordo.

 

Quantos professores a nível nacional, que entregaram os objectivos individuais, solicitaram a verificação das aulas? Que diferença há entre esta trapalhada e o que aconteceu na Madeira e nos Açores com a ADD? Na Madeira e nos Açores houve coragem. Em Portugal colocou – se a política à frente do interesse dos nossos alunos. A Ministra da Educação mesmo sem condições, como o referiram alguns comentadores da nossa praça, não podia cair senão o governo ficava mal.

 

Nesta escola que serviu de base à minha reflexão não tenho dúvidas que o Conselho Executivo é um pau mandado do Ministério da Educação, co-opetado pelos elementos do Conselho Provisório.

 

Até quando e onde vai esta palhaçada da Avaliação de Desempenho de Docentes? Num momento em que o nosso país precisa, mais do que nunca de formar pessoas competentes para ultrapassarmos esta crise e enfrentar – mos o futuro, a maioria dos professores gasta a sua energia a tentar perceber um modelo de avaliação criado por pessoas que do ensino pouco ou nada percebem.

Recebido Por mail
Título do Blog
01.Fev.09

Solidariedade

 

Muitos docentes não entregaram os objectivos individuais. Em princípio, nada deveria acontecer. Não é uma obrigação, não é uma questão jurídica, é política.

 

Mas, com este Governo desesperado e sem escrúpulos nunca se sabe. No ódio que tem aos professores pode ser tentar avançar com medidas repressivas.

 

Se for esse o caso, espera-se que as professoras e professores não calem a sua indignação e saibam manifestar apoio e solidariedade aos colegas que, para o bem de todos, exerceram o seu inalienável direito à desobediência civil perante o absurdo, de modo a que assim seja possível deter a eventual sanha persecutória do ministério.

 
01.Fev.09

Degradação

 

O movimento, a mudança talvez seja a única constante da existência. Na actualidade, bem se pode dizer que a forma predominante da mudança é a degradação.

 

Degrada-se a democracia, degradam-se as condições de vida, degradam-se as carreiras profissionais, degrada-se a qualidade de ensino, degrada-se o relacionamento entre pessoas, degrada-se a confiança no presente e no futuro, degradam-se os valores...

 

Tudo parece estar em degradação...

 

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