A Origem do Petróleo
A teoria prevalecente entre os cientistas ocidentais diz que o petróleo deriva dos restos de células outrora vivas que foram enterrados e transformados por processos químicos. |
E o Pico Petrolífero |
A teoria da origem abiótica do petróleo é extremamente atraente. Contudo, a aceitação da teoria abiótica não implica que não se verifique um Pico Petrolífero. Com efeito, de acordo com esta teoria, a migração de hidrocarbonetos de camadas profundas da Terra é lenta. Assim, a possível renovação (replenishment) dos campos de petróleo já existentes seria sempre a uma taxa muito inferior à da produção (ou, mais precisamente, da extracção). O mesmo se pode dizer em relação à futura possível descoberta de novos campos, em sítios até agora não considerados pelos geólogos convencionais. Mesmo admitindo a hipótese da existência de campos gigantes ainda desconhecidos, decorreriam décadas até as suas eventuais descobertas, dimensionamentos, desenvolvimentos e colocações em produção. Este lapso de tempo nada tem a ver com a presente aflição mundial por petróleo, agora que a produção do petróleo convencional já equaliza o consumo (84 milhões barris/dia) e praticamente já não existe capacidade de reserva. A aflição que agora se inicia está para perdurar, aceite-se ou não a origem não-fóssil do petróleo. De um ponto de vista antropocêntrico a escassez é uma realidade que não se compadece com teorias, por mais cientificamente estimulantes que sejam. Do ponto de vista geofísico, a Curva de Hubbert é traçada considerando volumes de produção/já produzido e reservas provadas, prováveis e possíveis (mas com possibilidade quantificada) à luz dos conhecimentos existentes. Assim, a teoria abiótica não desmente o Pico de Hubbert — na melhor das hipóteses poderia atrasá-lo. Jorge Figueiredo (Licenciado em Ciências Económicas em São Paulo (PUC)) |